Ele já tinha todas as rugas do tempo quando o encontrei pela primeira vez. Queixava-se de que tinha muito a fazer. Perguntei-lhe como era possível que em sua solidão, tivesse tanto trabalho.
Tenho que domar dois falcões, treinar duas águias, manter quietos dois coelhos, vigiar uma serpente, carregar um asno e dominar um leão, disse ele. Não vejo nenhum animal perto do local onde vives. Onde eles estão?
Ele então explicou: estes animais, todos os homens têm!
Os dois falcões se lançam sobre tudo o que aparece, seja bom ou mau. Tenho que domá-los para que se fixem sobre uma boa presa – são meus olhos.
As duas águias, ferem e destroçam com suas garras. Tenho que treiná-las para que sejam úteis e ajudem sem ferir – são as minhas mãos.
Os dois coelhos querem ir aonde lhes agrada. Fugindo dos demais e esquivando-se das dificuldades. Tenho que ensinar-lhes a ficarem quietos, mesmo que seja penoso, problemático ou desagradável – são meus pés.
O mais difícil é vigiar a serpente. Apesar de estar presa numa jaula de 32 barras, mal se abre a janela, está sempre pronta para morder e envenenar os que a rodeiam. Se não a vigio de perto, causa danos – é a minha língua.
O burro é muito obstinado, não quer cumprir com suas obrigações. Alega estar cansado e se recusa a transportar a carga de cada dia – é o meu corpo.
Finalmente, preciso dominar o leão. Ele sempre quer ser o rei, o mais importante. É vaidoso e orgulhoso – é o meu coração.
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